The follwing text is written in Galician-Portuguese and may be understood by anyone who have a good command of Spanish (Castilian). It deals with the growing wave of separatism and nazism in the Southern Cone, specially Brazil.
1) O separatismo sulista e o nazismo (Southern separatism and nazism) 2) "Os problemas que o Brasil enfrenta" (Tibor's "problems that Brazil deals with") 3) O separatismo em outras regiões (Separatism in other regions) 4) O nazismo no Cone Sul (Nazism in Southern Cone) 5) Mensagens transcritas (Transcription of messages)
Refiro-me às mensagens adiante transcritas, de Tibor Raboczkay e Alessandro Vieira dos Reis, com acréscimo do recente "Alerta" de Marko Ajdaric.
O separatismo sulista e o nazismo ***************************************** Tibor está muito mal informado. O separatismo sulista ("O Sul é meu País") não existe apenas no RGS, mas está perigosamente disseminado nos três estados da região e tem algumas extensões em SP. Possui uma organização clandestina apreciável e, aproveitando-se da tolerância, volta e meia realiza reuniões conhecidas publicamente.
Tem fortes propensões nazistas. Não é à toa que a organização clandestina Odessa atuou tão livremente em nosso País. Não é à toa que vários criminosos de guerra aqui encontraram refúgio, como Stangl e um dos mais importantes deles, o dr. Joseph Mengele, o "anjo da morte" de Auschwitz, o maior dos campos de extermínio industrial. Não é à toa que em 1978 foi "estourada" no município de Itatiaia, no sul do Estado do Rio de Janeiro, uma reunião nazista mundial, clandestina, realizada num hotel pertencente a um antigo SS. Aliás, ele foi logo posto em liberdade.
Um de seus principais redutos está na cidade de Santa Cruz do Sul (RGS), centro de colonização germânica e coração da lavoura fumageira do Brasil. Lá reside um de seus principais líderes, Ingo Marx. Chegou ao requinte de já ter pronta a bandeira do novo "país", que é uma cópia vergonhosa da bandeira do II Reich alemão, tendo com única diferença o Cruzeiro do Sul em seu centro. Também já mandou imprimir o "dinheiro" respectivo.
Infelizmente, em toda a região sul não é raro encontrar, até hoje, casos de nazismo explícito e até inocente. Refiro-me, por exemplo, ao caso de uma menina de doze anos, que há poucos anos ia à escola, em Curitiba, levando à cabeça um arco de cabelo com a suástica. Evidentemente, os pais permitiam ou estimulavam, não tinham receio da repulsa pública (numa cidade com forte presença polonesa e ucraniana !) e, o que é muito pior, a escola tolerava, apesar de ter havido pelo menos um grave incidente com outra criança que já sabia o que significava a suástica.
Contudo, os separatistas também encontram forte hostilidade do povo nos três estados do sul. Há alguns meses tentaram realizar em Santa Felicidade, nas cercanias de Curitiba, um seminário denominado "Globalização e Separatismo". Receberam tantas ameaças, todavia, que tiverem que desistir.
Não entendi o que Tibor quis dizer neste trecho, bastante contraditório: "Não chamaria esses separatistas de nazistas, pois considero perigoso a banalização do conceito de nazista, disfarçando o perigo que a ideologia nazista representa."
Quem já apresentou sob luz bastante favorável o regente Horthy, o mais leal dos aliados de Hitler, deve ter razões para temer a "banalização do conceito de nazista". O fato é que esses separatistas são de extrema-direita e acentuadamente racistas, ajudando a difundir idéias e literatura anti-judaica e antinegra. Reproduzem no Brasil o maligno nacionalismo eurasiático, que só compreende a política por meio do massacre dos vizinhos e dos que, por algum padrão patológico, sejam diferentes.
"Os problemas que o Brasil enfrenta" ******************************************** Dizer, como Tibor, que "os políticos corruptos é que nos colocaram na atual situação dramática" é uma explicação bem simplista, cômoda e moralista, não lhes parece? É querer fugir à análise da realidade atual.
As múltiplas formas da exclusão social crescente, inclusive no mal chamado __primeiro mundo__ NÃO são temporárias. A característica fundamental da etapa presente do capitalismo é o desemprego de massa, crescente e irreversível e a crise universal PERMANENTE.
Mudou o antigo padrão histórico do capitalismo industrial, que era o das crises cíclicas, com posterior retomada da atividade econômica e da ocupação de mão-de-obra. Hoje, a automação e o descompasso entre a economia financeira e a economia produtiva (a chamada "bolha" especulativa) já fizeram avanços irreversíveis. Os países periféricos, como o Brasil, serão cada vez mais duramente atingidos por sua inserção perversa no sistema capitalista mundial.
O separatismo em outras regiões *************************************** O programa de 1870 do Partido Republicano Paulista previa o separatismo, chegando a empregar a expressão "pátria paulista". Ainda hoje é repetida por uns pobres diabos do lumpenproletariado e da pequena burguesia, de extrema direita e racistas. Também têm como lema "orgulho paulista", desconhecendo a origem histórica da expressão.
Todavia, o separatismo nunca conseguiu firmar raízes nem nas classes dominantes, tanto que a bandeira do Estado de São Paulo tem como elemento gráfico mais importante o mapa do Brasil, sendo isto atribuído a ser o estado o berço do Brasil independente, no riacho do Ipiranga. Ideologicamente, as classes dominantes paulistas ainda hoje alimentam o brasileiríssimo mito do bandeirante, que, por meio da violência, foi um dos principais forjadores da expansão territorial do País e da conseqüente unidade nacional. Sabem muito bem onde lhes dói o bolso: o separatismo paulista, se tivesse importância, arruiná-las-ia, pois perderiam os mercados do resto do Brasil e, hoje, os dos outros países do Cone Sul.
Mesmo em 1932, a classe dominante local reprimiu as fracas veleidades separatistas que então chegaram a se manifestar. As iniciais MMDC, que se referiam ao movimento alegadamente democrático-constitucionalista, nas mãos da propaganda getulista viraram maldosamente "mata mineiro, degola carioca", assim tentando explorar o tema do separatismo paulista. Ao contrário, foi uma tentativa de disputar a hegemonia nacional à força, restabelecendo o domínio da oligarquia cafeeira.
Há também veleidades separatistas nas regiões Nordeste e Norte. Embora numericamente bem inferiores aos separatistas sulistas, têm como característica comum a acentuada tendência direitista, embora neste caso já não seja fomentado o ódio racial.
A maior concentração parece estar no Recife, tendo chegar a eleger um vereador. Nesta cidade, soube de episódios de hostilidade explícita e grosseira a sulistas que lá foram morar, pelo simples fato de sulistas serem. Todavia, a hostilidade não partiu do povo, mas de filhos diletos das oligarquias, que também revelam um forte desprezo pelos trabalhadores locais.
A cantora Elba Ramalho, embora de expressão nacional, filiou-se a esses grupos, tanto que gravou uma música, cujo nome e autores esqueço, que faz uma apologia claríssima e demagógica do separatismo nordestino: "jangadeiro vai ser Presidente" etc.
Na região Norte o separatismo tem sido ocasionalmente fomentado por grupos que sobrevivem parasitariamente às custas da Zona Franca de Manaus. Quando da Constituinte de 1988, em que esteve ameaçado o fim dos privilégios fiscais, chegaram a ousar publicar anúncios de página inteira em alguns dos principais jornais do Centro-Sul ameaçando claramente a secessão caso fossem extintos.
No Amapá, devido à forte presença da Bethlehem Steel (Icomi) e a certas lembranças da II Guerra, o separatismo local, que é fraco, alimenta-se da ilusão de conseqüente anexação pelos Estados Unidos e do início de uma era de felicidade. Todavia, como o manganês já acabou e a Icomi só deixou buracos e mais miséria, é possível que a puerilidade haja acabado.
O nazismo no Cone Sul ***************************** Adiante reproduzo notícia divulgada pelo excelente ciberjornalista sérvio-baiano (epa! ) Marko Ajdaric sobre o crescimento do nazismo no Cone Sul.
Sobre essa notícia, um esclarecimento: o nome "Hispania Gothorium" (Espanha dos Godos) dado a uma das organizações revela a ignorância dos efebos bárbaros. Os visigodos (godos do oeste) e os suevos (origem do termo sueco) estabeleceram um reinado no que hoje é o norte de Portugal e oeste da Espanha, que historicamente faziam parte da antiga província romana da Hispânia. Todavia, o nome Espanha é semita: vem de Ich-Panim, "terra dos coelhos" em fenício-cartaginês.
Falar de "pureza racial" na península ibérica, e, por extensão, nos países ibero-americanos, é de um ridículo atroz, pois simplesmente ignora sua história. Boas razões teve o Marquês de Pombal ao mandar queimar todos os sambenitos [*] das igrejas de Portugal ao dizer que nenhum português ou espanhol pode ter certeza de que não tem nenhum ancestral árabe ou judeu (esqueceu dos fenícios e cartagineses), cujos traços semitas são até hoje visíveis em boa parte das populações peninsulares e, conseqüentemente, em brasileiros, argentinos etc.
[*] Sambenito era uma vestimenta humilhante envergada pelos condenados pela Inquisição durante os autos-de-fé e que ficava em exibição pública nas igrejas com o nome do condenado que o vestiu, para infâmia eterna e ameaça permanente à sua família.
Ademais, o conceito de raça não é científico, porém uma construção cultural.
Os primeiros resultados do projeto mundial Genoma Humano tornam a confirmar, de maneira ainda mais definitiva e rigorosa, de que só existe uma raça, originada no centro da África, sendo as diferenças exteriores meramente de aparência (fenótipos) e explicáveis pela adaptação do ser humano aos mais diferentes ambientes naturais depois que deixou aquele continente de origem. São diferenças muito menores do que as existentes entre mamíferos humanizados como os cães, por exemplo, que, não obstante, também constituem uma única raça, conforme revela o projeto Genoma Canino, tendo se desligado dos lobos em época recentíssima (em termos biológicos), que seria o ano 10.000 AC.
As pesquisas lingüísticas igualmente apontam a existência de uma única língua primitiva, assim como constatam a unidade fundamental da humanidade a antropologia cultural, ao estudar fatos culturais como o folclore e o uso dos alimentos, e a antropologia paleontológica.
Neste País tropical abençoado por Deus podemos ver uma clara prova disto em nossas famílias, a exemplo de crianças que nascem louríssimas e de olhos claros e, que por força do clima, por volta dos sete anos já têm os cabelos bem castanhos e os olhos também escurecidos, por defesa contra a luminosidade ambiente.
Saudações de R. Magellan
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Date: Fri, 04 Jun 1999 From: Tibor Raboczkay <trabocka at iq.usp.br> Subject: [Partido Verde] Re: Separatismo no SUL
Caro Alessandro:
Não existe, no momento, um movimento separatista no Brasil que possa ser levado a sério. Os separatistas do Rio Grande do Sul são gente que alimenta preconceitos contra outras regiões do país; regiões que eles, preconceituosos, julgam culpados pelos problemas que o Brasil enfrenta, quando, na verdade, os políticos corruptos é que nos colocaram na atual situação dramática. Não chamaria esses separatistas de nazistas, pois considero perigoso a banalização do conceito de nazista, disfarçando o perigo que a ideologia nazista representa.
Cordiais saudações Tibor Raboczkay (militante do PV/SP)
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From: "Alessandro V. R." <alevr at zipmail.com.br> To: "Lista do PV" <pvlist at egroups.com> Date: 4 Jun 1999
Olá, amigos da lista do PV!
Como sei que vcs são contra o etnocentrismo e qualquer forma de preconceito, pensei em interroga-los sobre um assunto que anda me remoendo a mente, como uma farpa.
O separatismo na região sul do Brasil tem origem ideológica nazista? Quem são os políticos e poderosos que estão a favor? E contra? Como anda esse movimento?
Obrigado pela atenção.
Aguardo resposta.
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Não há Deus além da vida
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From: "Marko Ajdaric" <marko at bahianet.com.br> To: "ATTAC Lista BR" <bem-vind at attac.org>,
"Lista PT" <listapt at listas.pt.org.br>,
"Lista sindical Pandora" <sindical at nitnet.com.br> Subject: [listapt] A L E R T A Date: Wed, 2 Jun 1999
Neonazistas do Brasil, Argentina e Uruguai formam organização
Jovens neonazistas do Brasil, Argentina e Uruguai se reuniram para formar a organização Imperium, cujo objetivo é difundir sua ideologia na América e na Europa, informa nesta terça uma página na web, a Orgulho Skinhead, editada através do provedor norte-americano Hispania Gothorium. Depois de várias reuniões e conversações, camaradas de três países, Argentina, Brasil e Uruguai, decidiram pela formação de uma organização que adotará o nome de Imperium, anuncia a nova agrupação.
A Orgulho Skinhead acrescenta que esta organização, em primeira instância, vai se encarregar da edição e distribuição na América e na Europa dos seguintes fanzines e publicações: Odalan Skinheads, Victoria ou Valhalla e Volksturm (Argentina); 20 de Abril, Alerta!, Der Angriff, Nossa Luta, Povo dos Senhores, Triunfo da Vontade, Verlauf e Vitória (Brasil); Bastión NS, Lobos de Odin e Orgullo Skinhead (Uruguai).
Também se encarregará da difusão e futura edição de CDs das bandas RAC/WP: Acción Radical e Razón y Fuerza (Argentina); D.A. e Locomotiva 88 (Brasil) e Escuadrón 88 (Uruguay).
Acreditamos firmemente que este projeto é perfeitamente viável e é um grande passo para a união dos jovens brancos da Ibero-América, acrescenta o texto. Para isso, conta com a colaboração de inúmeras pessoas em Buenos Aires, São Paulo e na Espanha.
De acordo com seus estatutos, a Imperium é uma sociedade civil que tem como objetivo a divulgação da doutrina nacional socialista através da literatura, da música e da arte. Sob a foto de um bebê sorridente, está a legenda: Devemos assegurar a existência de nossa raça e um futuro para nossos filhos brancos.
A justiça uruguaia proibiu em fevereiro passado a confecção e difusão eletrônica de seis páginas nazistas, nas quais se incentivava o ódio racial contra negros e judeus.