I brought up the biological reason for enjoyment of BDSM because most people on LBO-talk already understand many of the cultural reasons for it. By now, there is a substantial body of literature on the latter. One of the elder stateswomen in this genre is Gayle Rubin. Here's Judith Butler's interview with Rubin (the original interview in English was published in _differences_ 6.2-3, Summer-Fall 1994, but the journal doesn't make the full text freely available to the public: <http://www.findarticles.com/p/articles/mi_hb3596/is_199406/ai_n8541580>):
<blockquote>JB: Gostaria que você falasse um pouco mais sobre o tipo de trabalho que está fazendo atualmente e como ele resolve essa tensão entre os domínios conceitual e descritivo. Você acaba de concluir s eu estudo sobre a comunidade de homossexuais masculinos leather de San Francisco. O que você buscava com esse estudo?
GR: Quando iniciei esse projeto estava interessada na questão global da etnogênese sexual. Eu queria entender melhor como se formam as comunidades sexuais. Essa questão surgiu do meu trabalho sobre a história do lesbianismo e, inicialmente, eu estava tentando descobrir de onde vieram as comunidades lésbicas, ou como elas surgiram. Fiquei curiosa de saber sobre comunidades tanto de homossexuais masculinos como de lésbicas. Então me dei conta de que muitas sexualidades encontravam-se organizadas como as populações urbanas, algumas ocupando espaço próprio. Comecei a me perguntar sobre que cegonha tinha trazido todas essas populações sexuais, e como isso se deu. Tudo isso se inseria na reorientação de minha reflexão sobre categorias como lesbianismo, homossexualismo, sadismo, masoquismo ou fetichismo. Em vez de considerá-los como entidades clínicas ou categorias de psicologia individual, queria acercar-me deles enquanto grupos sociais com histórias, territórios, estruturas institucionais, modos de comunicação, etc.
Como antropóloga, eu queria estudar algo contemporâneo. Foram muitas as razões que me levaram a escolher aquela comunidade, e uma delas foi o fato de que ela se cristalizou à época da Segunda Guerra Mundial. Ainda havia indivíduos que viveram essa experiência, a partir do final da década de 1940. Tive acesso a eles, e pude estudar esse fascinante processo pelo qual algumas práticas ou desejos sexuais, que em certa época foram completamente estigmatizados, escondidos e disfarçados, podiam ser institucionalizados numa subcultura na qual eram considerados normais e desejáveis. A construção de sistemas subculturais destinados a facilitar sexualidades não-normativas é um processo interessante.
E, em muitos aspectos, a comunidade de homossexuais masculinos leather é um caso exemplar de formação social sexual, embora as sexualidades que nela se encontram sejam mais complexas do que eu inicialmente imaginava. Isso porque o termo "leather" nem sempre significa "SM" (sadomasoquismo). Leather é uma categoria mais ampla que inclui homens gays que praticam o sadomasoquismo, homens gays que fazem a penetração anal com o punho, homens gays que são fetichistas, e homens gays que são másculos e preferem parceiros masculinos. O couro (leather) é um símbolo polivalente que tem sentidos diferentes para diferentes indivíduos e grupos nessas comunidades. Entre os homens gays, o leather e sua linguagem masculina foram a principal base para o sadomasoquismo gay masculino desde o final da década de 1940. Outros grupos articulam desejos similares em diferentes constelações sociais e simbólicas. Por exemplo, o sadomasoquismo heterossexual, durante quase todo esse período, não estava organizado em torno do símbolo do leather, linguagens masculinas ou territórios urbanos. "Leather" é uma síntese histórica e culturalmente específica na qual determinadas formas de desejo entre homens gays foram organizadas e estruturadas socialmente.
Eu também não sabia, quando comecei essa pesquisa, que pelo menos uma prática sexual - a penetração anal com o punho - parece ter sido uma criação realmente original. Como outros já apontaram, essa prática é talvez a única prática sexual inventada no século XX. Deve ter sido praticada no início da década de 1960. Mas ela se tornou realmente popular no final da década de 1960 e começo da década de 70, e então difundiu sua singular maturação e institucionalização subcultural.
Dentro da comunidade gay "leather", você encontra essa unidade entre preferências sexuais não convencionais (fetichismo, sadomasoquismo, etc.) e o masculino, o que não ocorre entre heterossexuais ou lésbicas, onde essas coisas são arranjadas de uma forma diferente. É uma forma bastante peculiar e interessante de combinar determinadas práticas sexuais.
JB: Que sentido tem a combinação de masculinidade e práticas sexuais não convencionais?
GR: Esse é um tema muito amplo e requer uma discussão muito mais longa do que seria possível aqui. Entre os homens gays, a adoção da masculinidade é complicada, e tem muito a ver com a rejeição da identificação do desejo homossexual do homem com a efeminação. Desde meados do século XIX começou a se processar, gradualmente, uma distinção entre escolha do objeto homossexual e o comportamento transgênero, isto é, a adoção do comportamento do gênero oposto. A classificação homossexual másculo (assim como lésbica feminina) outrora era considerada um paradoxo; essas pessoas existiam mas eram "inconcebíveis" em termos dos modelos hegemônicos de sexualidade e de gênero. O desenvolvimento da comunidade "leather" é parte de um longo processo histórico no qual a masculinidade foi reivindicada, afirmada e reapropriada pelos homossexuais homens.
O homossexual masculino leather, inclusive os gays sadomasoquistas, codificam os sujeitos desejantes/desejados e os objetos desejantes/desejados como masculinos. Nesse sistema, um homem pode ser subjugado, reprimido, torturado e penetrado e, ainda assim, manter sua masculinidade, desejabilidade, e subjetividade. Existe também uma simbologia do homossexual efeminado sadomasoquista, mas estes são temas relativamente menores nos cinqüenta anos de homossexualismo masculino leather. Outras comunidades não combinam esses elementos da mesma forma. Durante quase todo esse mesmo período, os heterossexuais sadomasoquistas se organizaram mais através de anúncios sexuais, dominação profissional, e alguns clubes sociais privados. Para o heterossexual sadomasoquista, o leather era um fetiche, mas não o símbolo fundamental em que se baseava a institucionalização. O heterossexual sadomasoquista tout court não era territorial e as linguagens estilísticas dominantes eram femininas.
O imaginário do sadomasoquismo heterossexual e do fetichismo inspira-se em larga medida no simbolismo feminino. A arte erótica dirigida aos heterossexuais homens em geral tem muitos caracteres femininos, e os poucos caracteres masculinos geralmente são efeminados. Há muitas razões para isso, inclusive as idiossincrasias da história da regulamentação jurídica da erótica sadomasoquista. Mas evidentemente muitos homens heterossexuais têm fantasias de ser adoráveis mocinhas. Muitas das "casas de dominação" mais bem equipadas têm uma sala especial para os clientes homens que se vestem de mulher e pagam muito bem pelo privilégio. Essas salas de "fantasia" diferem das "masmorras" ou salas "médicas". Muitas vezes são decoradas com babados e folhos. Num típico cenário heterossexual sadomasoquista, tem-se uma mulher com trajes femininos dominando um homem que pode ser aberta ou veladamente "efeminado". Não quero dizer que não existam masoquistas ou sádicos heterossexuais "másculos". Além disso, essa imagética feminina não é tão hegemônica para o sadomasoquista heterossexual como a imagética masculina para o sadomasoquista gay. Mas um estilo visível e comum de sadomasoquismo heterossexual compreende uma mulher e um homem efeminado, uma espécie de casal "lésbico" de fantasia. Entre as sadomasoquistas lésbicas atuais, porém, parece existir uma distribuição bastante equilibrada de estilos, gêneros, e simbolismo masculinos e femininos. (Gayle Rubin and Judith Butler, "Tráfico sexual: entrevista," Cad. Pagu 21, 2003, pp. 157-209, <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-83332003000200008&lng=en&nrm=iso>)</blockquote>
And here's Margot D. Weiss again:
<https://fds.duke.edu/db/aas/CA/faculty/mdw8/files/Precis> Margot D. Weiss Techniques of Pleasure, Scenes of Play: SM in the San Francisco Bay Area. Under contract with Duke University Press (revised manuscript will be delivered December 1, 2007)
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Techniques of Pleasure uses SM as a lens through which to examine the production of gendered and raced identities and sexual cultures in the context of late- or informational capitalism. I trace the transformation of SM from an underground scene to a large, formally organized community populated primarily by Silicon Valley's often heterosexual, white, middle-class computer professionals. Holding regular meetings at Denny's Restaurant, or spending thousands of dollars on SM toys, these new SM practitioners have formed a community fully enmeshed in informational capitalism. I contextualize this transformation within broader geographic, cultural, social, and economic shifts in the Bay Area, focusing on spatial and economic relationships between San Francisco and Silicon Valley, and within the city of San Francisco (e.g. population shifts out of the city to the sub-and ex-urbs, job distribution, the shifting high-tech economy in the South Bay, the redevelopment of "blighted" neighborhoods in San Francisco). These changes parallel the development of a more suburban, risk-adverse, technique-orientated SM scene and the rise of SM as a form of playful labor, illustrating the dense connections between this sexual community and high-tech, informational, and consumer capitalisms.
At the same time, even as SM must be understood as a sexuality deeply embedded in capital, it also allows practitioners to "play" with power and social inequality, forging new relationships and subjectivities. I analyze SM play scenes and relationships that draw on gender, race, age, and class (e.g. Master/slave play, gendered dominance and submission) as a social drama or cultural performance, through which practitioners address relationships between power and sexual citizenship. I examine the ways practitioners discuss and enact formations of gender, race, and sexuality on the ground, in relation to particular audiences and in particular social contexts. This focus allows me to consider the performative politics of SM scenes that "play off" social inequality in U.S. history in everyday and localized terms. I argue that practitioners make and remake the social world through performance, practice, and play. SM draws on existent power dynamics of race and gender, but restages, makes visible, or re-creates these social relations in ways that can transform players, audiences, and larger social belongings. These restagings show that even as SM communities have become more commoditized, SM play can challenge structural social inequality.</blockquote>
Now, that's a perfectly reasonable take except the last sentence I quote above: "SM play can challenge structural social inequality." That's pure wishful thinking.
-- Yoshie <http://montages.blogspot.com/> <http://mrzine.org> <http://monthlyreview.org/>